sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Beatriz II

E aquela voz encantadora, e aquela face rosada, acho que maquilagem, e aquele olhar desconfiado, sobrancelhas fortes, escuras e um tom de pele claro, meio branco, meio amarelado, meio bege, um sorriso meigo e dissimulado, uns lábios fortes e elevados de cores ainda mais fortes, e a sua mão tão leve, flutuava como uma folha de papel antiga em meio de uma ventania! Ensaiava, cantava, sonhava, bela Margarida que nos sonhos se perdeu e a todos comovia, como uma mulher sofrida que amou e morreu. Mas depois de tudo isso, lembrei bem que era ilusão: não era Margarida, era Beatriz; não era sonho, era realidade; não era vida, era apenas um texto. Parecia moça, parecia triste, parecia... Daí então saí sem caminho desiludido de paixão, sem entender que a ilusão era apenas um moinho de vento cheio de alegria e sorrisos bonitos, de aplausos, de idolatria. E quando as luzes se apagaram, não sei o que era, apenas. Aliás me perdi no escuro, sem encontrar rumo, ah que pena. Ela já não estava ali. O palco estava vazio! O mundo tinha caído, meus olhos tinham caído, meus sonhos... Será que era apenas Beatriz? Será que ela ama? Será que é pintura? E me acordei do sonho de uma noite de paixão.

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