domingo, 1 de maio de 2011

Beatriz III

Fiquei perturbado por um tempo sem entender bem o que se passava. Não havia mais ninguém no teatro e lembro de um homem vestido de preto dizendo: senhor, o teatro está fechando! Por favor, poderia se retirar?! Me levantei atordoado. Pedi desculpas ao rapaz e saí andando em meio ao escuro. Não entendi o que havia ocorrido. Não estava dormindo, mas também não estava inteiramente acordado. Quando saí do prédio, vi a claridade da lua pairar sobre a rua - pouco movimentada. Restava algumas pessoas que estavam saindo do São Raimundo. Estava com dores de cabeça. Fui até um bar logo ali próximo, onde tinha alguns rapazes. Pedi Gim com gelo e limão. Tomei por um tempo até que as ideias pudessem ficar mais claras. Foi quando lembrei da atriz, que eu não sabia definir ao certo quem era. Lembro que eu a olhara fixamente em meio à peça e depois sei que me acordei de um sono - apesar de não está dormindo. Acho que estava sonhando acordado. Margarida Gautier, seu nome, uma personagem por quem me apaixonei na obra francesa de Dumas e que pude vê-la bem ali em minha frente durante longos minutos. Isso parecia me endoidecer, pois ao poucos é que lembrava que na verdade era tudo uma peça, um texto e que aquela mulher era apenas Beatriz. O que acontecera comigo? Pois bem, cansei de pensar, de fazer questionamentos... Tomei o resto do Gim que estava no copo e fui embora pra casa.

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