quarta-feira, 25 de maio de 2011

Não, o José não sabe ser confiado.

Pensou José: se ela soubesse de meu amor, esse sentimento de amigo, fraterno, talvez as coisas fossem diferentes. Talvez ela soubesse que mesmo com tudo, eu queria poder ouvi-la, queria ser de sua confiança, mas não, ela não confia em mim. A gente não sai da mesa para conversar à sós, a gente não troca bilhetes em sala de aula discutindo sobre nossas vidas, a gente apenas acaricia um ao outro, mas sem nenhuma relação verdadeira de amizade. Pode ser isso: quem sabe não somos amigos e sim amantes? Quem sabe ela me tenha como uma criança e não sabe confiar em mim? E quem sabe? Só ela. Mas ela não diz e nunca dirá: eis o problema. Mas eu seguirei assim pensando, esperando e certo dia ela dirá - como diz aos outros (ou ao outro): amigo bora conversar? E aí ela arrancará uma folha de papel do caderno e nós escreveremos páginas à caneta tinta preta. Eu ainda espero por esse dia.

E sabe o que aconteceu? José morreu e ela nunca conheceu as palavras de conselho do pobre rapaz. Fim.

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